segunda-feira, 14 de março de 2016

Nós Matámos o Cão Tinhoso / Luis Bernardo Honwana (1ª ed.)


























HONWANA, Luis Bernardo – Nós Matámos o Cão Tinhoso (2)
Lourenço Marque, Sociedade de Imprensa de Moçambique, 1964.
1ª edição. 135 págs. In 8º. Encadernado.
Ilustrações de Bertina (fragmentos de desenho); arranjo gráfico de Pancho.
Conservação: miolo amarelecido e algumas manchas; sinais de manuseamento. Exemplar raro dada a sua apreensão pela PIDE.

Preço: 50€
Envio grátis

«Foi durante o tempo passado na prisão que escreveu o seu único livro, Nós Matámos o Cão-Tinhoso, com o objectivo de demonstrar o racismo do poder colonial português. O livro chegou a exercer uma influência importante na geração pós-colonial de escritores moçambicanos. Muitos dos contos, escritos em português europeu padrão, são narrados por crianças. O universo social e cultural moçambicano durante a época colonial é o centro da análise das narrativas de Nós Matámos o Cão-Tinhoso. De acordo com Manuel Ferreira, “Os contos de Nós Mátamos o Cão-Tinhoso apresentam-nos questões sociais de exploração e de segregação racial, de distinção de classe e de educação”. Cada personagem em cada conto representa uma diferente posição social (branco, assimilado, indígena e/ou mestiço).»
«Livro que foi de imediato apreendido pela PIDE, o que o torna raríssimo na sua edição original. Em 1969, ainda em pleno colonialismo e com a guerra colonial no auge, a obra é publicada em língua inglesa (com o título de We Killed Mangy-Dog and Other Stories) e obtém grande divulgação e reconhecimento internacional, vindo a ser traduzida para vários outros idiomas.»
«Nós Matámos o Cão-Tinhoso é um livro de sete contos da autoria do escritor moçambicano Luís Bernardo Honwana, publicado em 1964 e considerado uma obra fundacional da literatura moçambicana moderna. Os contos incluídos no livro são “Nós Matámos o Cão-Tinhoso”, “O Dina”, “Papa, Cobra, Eu”, “As Mãos dos Pretos”, "Inventário de Imóveis e Jacentes”, "A Velhota" e "Nhinguitimo".» ( Informação retirada da "Tertúlia Bibliófila")

Nota do autor na contracapa da 1ª edição:

“Não sei se realmente sou escritor. Acho que apenas escrevo sobre coisas que, acontecendo à minha volta, se relacionem Intimamente comigo ou traduzam factos que me pareçam decentes. Este livro de histórias é o testemunho em que tento retratar uma série de situações e procedimentos que talvez interesse conhecer.
Chamo-me Luís Augusto Bernardo Manuel. O apelido Honwana não vem nos meus documentos. Sou filho de Raul Bernardo Manuel (Honwana) e de Nally Jeremias Nhaca. Ele intérprete da administração da Moamba e ela doméstica. Tenho oito irmãos.
Nasci em Lourenço Marques, em 1942, e vivi com os meus pais, na Moamba, até aos 17 anos. Actualmente moro no Xipamanine, em Lourenço Marques, e além de frequentar o liceu, sou jornalista.
As minhas primeiras histórias datam do início da antiga página literária juvenil do jornal «Notícias», o «Despertar». Todavia quase os contos que agora são publicados começaram a ser feitos anteriormente, quando ainda não dava tanta atenção ao que de vez em quando me dava para escrever. Foi numa altura em que, embora praticasse desportos muito intensamente, um grupo de jornalistas, pintores e poetas ajudou-me a ler uma quantidade de livros importantes, levou-me a ver filmes que tinham de ser vistos e emprestou-me algumas das suas preocupações. Entretanto estudei desenho e pintura durante algum tempo e participei com vários trabalhos em exposições de arte. Também escrevi coisas para filmes que não se fizeram e pertenci a uma equipa que começou a fazer um filme e desistiu antes do fim.
Depois do «Despertar», Eugénio Lisboa, Rui Knopfli e José Craveirinha entusiasmaram-me, publicando algumas das minhas histórias em jornais. Há pouco tempo o Rancho, que tornou possível o aparecimento deste livro, falou-me pela primeira vez em editar alguns contos em livro.
Para a capa e para ilustrar as histórias aproveitaram-se fragmentos de desenhos que a Bertina tinha feito sem conhecer os meus escritos o que o Pancho usou depois de ver que as coisas que os desenhos contam são parecidas com as histórias que fiz. O pedaço de inventário é de um inventário verdadeiro: a mão d'As mãos dos pretos é a minha.